Manifesto em repúdio à alteração do nome da estação de Metrô Paulo Freire

Texto do colegiado do Programa de Pós-Graduação em Educação: História, Política, Sociedade (PPG-EHPS)

por Redação | 16/03/2023

"O colegiado do Programa de Pós-Graduação em Educação: História, Política, Sociedade (PPG-EHPS), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, repudia a decisão do governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em consonância com a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), pela alteração do nome da estação Paulo Freire para Fernão Dias, com a alegação de que tal decisão é resultado de uma suposta pesquisa de opinião feita no bairro, dando preferência pelo bandeirante pelas razões que se seguem:

  1. Os nomes dados aos bens públicos de uma cidade devem seguir critérios que motivem orgulho em seus cidadãos. Paulo Freire é reconhecido como Patrono da Educação Brasileira; o intelectual brasileiro mais reputado e citado no mundo, aguerrido defensor da educação universal, pública, gratuita; enquanto, o outro é, hoje, reconhecido mercenário, caçador de indígenas para fins de sua escravização, perseguidor de escravizados, elemento cruel; perpetrador de muitos assassinatos, inclusive de um de seus filhos;
  2. A futura estação está localizada no Parque Novo Mundo, precisamente sob a Avenida “Educador Paulo Freire”, portanto, a troca de nome, representa uma provocação política de caráter cínico, pois atesta a posição do governador frente à reiterada prática de apagamento histórico da prestigiosa vida do educador, seguindo os ditames do seu parceiro político, reconhecido genocida, racista e, agora sabemos, contrabandista, o ex-Presidente da República;
  3. Mesmo o argumento da suposta pesquisa de opinião feita no bairro, representa o processo de “guerra cultural” que procura, por meio de falsa narrativa, fake news, mentiras, ofensas, equalizar as posições sociais de dois personagens que representam posturas completamente diferentes em nossa história. Portanto, é imprescindível evitar a valorização da memória de um assassino de indígenas, em uma obra pública, já que é obrigação do Estado educar os seus cidadãos com o seu patrimônio.

Paulo Freire era catedrático da PUC-SP, foi Secretário da Educação do Município de São Paulo, defensor dos Direitos Humanos, revolucionou os processos de alfabetização de jovens e adultos e sua pedagogia crítica lhe concedeu 36 títulos de Doutor honoris causa em Universidades espalhadas por todo o mundo e o Prêmio Educação para Paz pela UNESCO. Portanto, é inconcebível a troca dos nomes na estação de metrô. Pelos motivos expostos o PPG-EHPS, da PUC-SP, vem a público registrar a sua contrariedade e repúdio diante da decisão e conclama a comunidade acadêmica e toda a sociedade a manifestar-se contrária a este ato autoritário que, mais uma vez, tenta ferir os direitos humanos.

São Paulo, 14 de março de 2023."

 

 

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