Pró-CRC faz balanço da Semana da Consciência Negra 2023: “Reparação e Direitos Humanos”

por Redação | 21/12/2023

Texto elaborado pelo prof. Pedro Aguerre, assistente especializado da Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias.

“Este evento, que temos feito todos os anos, é parte da política de inclusão racial da Universidade. Nosso desejo é alongar a parceria feita este ano com a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos e colocar também à disposição do Ministério a nossa produção acadêmica”

Profa. Mônica de Melo,
Pró-Reitora de Cultura e Relações Comunitárias

 

Nos dias 23 e 24/11 a Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias (Pró-CRC) promoveu a III Semana da Consciência Negra - 2023: “Reparação e Direitos Humanos”. Nesta edição, o evento teve a parceria do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC). A mesa de abertura do evento contou com a presença de Isadora Brandão, Secretária Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos e de Leticia Couto Panjota, Assessora Técnica no gabinete da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos.

Em seguida foi realizada a mesa redonda “Reparação e Direitos Humanos: memória, experiências negras e políticas públicas”, em formato híbrido, que contou com a participação de Cristiane Souza Santos, representando o Projeto “Memória e Verdade sobre a Escravidão e o Tráfico Transatlântico de Pessoas Escravizadas”, Josemeire Alves Pereira, da Coordenação Executiva do Projeto “Passados Presentes: patrimônios e memórias negras e afro-indígenas em Minas Gerais”, e de Elísio Salvado Macamo, professor Catedrático de Sociologia e Estudos Africanos na Universidade de Basileia (Suíça) (www.youtube.com/watch?v=F3oPY0iPnfM).

Em seguida ocorreu o II Seminário Acadêmico da Semana da Consciência negra, também com o tema “Reparação e Direitos Humanos”. Realizado nos dois dias de evento, contou com a apresentação e debate de 45 trabalhos acadêmicos, distribuídos em nove Grupos de Trabalho (GTs). Os GTs foram coordenados por pesquisadores(s) da PUC-SP e de outras instituições, ficando encarregados da avaliação dos trabalhos e moderação dos debates acadêmicos. As sessões de apresentação de trabalhos foram realizadas de forma híbrida (presencial e à distância, em sessões abertas ao público. A seguir a lista dos GTs:

· GT-1: Reparação Tradicional: Comunidades Tradicionais e Religiosidades

· GT-2: Reparação Histórica: Cooperação, Projetos e Agendas da África e das diásporas africanas

· GT-3: Reparação da Memória: Escravidão e Pós Abolição

· GT-4: Reparação das Violências nas Instituições Estatais e Privadas: Justiça, Juventude e Encarceramento

· GT-5: Reparação Artística: Música, Arte e Literatura

· GT-7: Reparação: Raça, Gênero e Sexualidade

· GT-8: Reparação no Ensino Superior: Políticas afirmativas no Ensino Superior

· GT-9: Reparação psíquica e social

Pós-evento foi realizada pesquisa de avaliação, respondida por mais da metade dos pesquisadores participantes. A seguir alguns dos principais resultados:

Com relação à identidade de gênero, 52% dos respondentes eram mulheres cisgênero e 48% homens cisgênero. No quesito raça-cor, os pesquisadores(as)/expositores(as), 44% se autodeclararam Pardos(as) e 32% Pretos(as), totalizando 76% de negros (as) no total.

A distribuição dos respondentes por escolaridade indicou maioria com mestrado completo ou pós-graduação (68%). Doutores e pós-doutores totalizaram 12%.

Com relação à dinâmica dos GTs, 64% atribuíram nota 10, seguidos das notas 9 e 8 (com 16% cada). Considerando o Seminário Acadêmico como um todo 72% deram nota 10 e 20%, nota 9.

Seguem algumas manifestações dos participantes do Seminário Acadêmico em relação à atuação dos GTs

“O formato híbrido foi interessante porque permitiu a participação de pesquisadores que estavam em cidades bem distantes do local onde o evento ocorreu...”

“Foi excelente a possibilidade de o evento ser transmitido ao vivo. As professoras da unidade na qual sou coordenadora puderam acompanhar os relatos/pesquisas e se envolver com as discussões.”

“Perfeito a PUC-SP utilizar desse modelo. É uma forma de promover acesso e trocas de conhecimento entre pesquisadores do mundo todo. Parabéns.”

Por fim, os participantes também avaliaram o seminário como um todo:

“O evento contou ainda com a apresentação de duas alunas do ensino médio, conjuntamente com uma colega mestranda em Direito do Trabalho, que proporcionou um debate mais aberto sobre algumas ideias, com intervenção, inclusive, das professoras da Escola Estadual em que o trabalho foi apresentado originalmente. A participação conjunta do Ministério dos Direitos Humanos, em especial da professora Letícia Pantoja, acadêmica do Pará, trouxe muitas conexões novas que serviram para reflexão ao longo dos dias seguintes. Se pudesse fazer uma sugestão, o ideal seria ter um fotografo profissional e exclusivo para registro do evento, inclusive fazendo bem para o ego.”

“A gestão do tempo foi fundamental para que mesmo numa quantidade considerável todas as pesquisas e relatos fossem apresentados e ainda houvesse possibilidade de uma discussão coletiva.”

A diversidade e riqueza das pesquisas e dos debates realizados repetiu o I Seminário Acadêmico, realizado em 2022. Segundo o professor Amailton Magno Azevedo, assessor da Pró-CRC e coordenador do evento “a Semana da Consciência Negra de 2023, realizada por meio da parceria entre a Pró-CRC e a Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, contribuiu uma vez mais no debate sobre inclusão social na PUC-SP. Destaca-se a liderança da Pró-reitora Mônica de Melo, e a participação do professor Pedro Aguerre, da equipe da pró-reitoria e diversas áreas da Universidade, na organização e na coordenação do evento que envolveu professores (as), alunos (as) e funcionários (as). Os Grupos de Trabalho apresentaram uma diversidade de temas em torno da reparação racial. Ressalta-se, ainda, o engajamento da pró-reitoria em abrir diálogo com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania visando ampliar o debate público em torno da igualdade e justiça social. Os próximos passos incluem a reunião dos pesquisadores(as) em torno de uma publicação prevista para ser lançada em 2024. Deu-se mais um passo na busca por uma PUC-SP mais plural, negra e popular.”

Por fim, vale registrar a perspectiva de lançamento do livro “Caminhos e Encruzilhadas do Enegrecimento: 10 anos da Lei de Cotas no Brasil” com organização de Clério Rodrigues da Costa, Elizabeth Penha Cardoso e Fábio Mariano da Silva, prevista para lançamento no 1º semestre de 2024 pelo selo “Autorias Negras” da EDUC. A publicação foi fruto da 2ª Semana da Consciência Negra realizada em 2022, sob o tema 10 Anos da Lei de Cotas no Brasil: Caminhos para o Enegrecimento da PUC-SP.

Nesta segunda edição do Seminário acadêmico, a maioria dos expositores demonstrou, igualmente, interesse em participar de uma publicação (84%).

Com este evento, a PUC-SP, por meio de sua Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias, procurou contribuir para o avanço do debate acadêmico em torno da reparação e dos direitos humanos produzindo conhecimento comprometido com a transformação da realidade social. O objetivo final é o de convocar todos(as) a pensar nos desafios de ajustes de contas com o passado e com políticas afirmativas de igualdade, levando em conta o papel de Estado e da sociedade na construção de agendas que provoquem no debate público a superação do racismo, das discriminações e das desigualdades

 

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