PUC-SP sedia encontro de reitores de universidades comunitárias promovido pela ABRUC
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Com a atividade, Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria (Pirituba, zona Oeste), recebeu o prêmio "Gente que faz a diferença"
O Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria, em Pirituba (zona Oeste da capital), acaba de receber o prêmio Gente que faz a diferença. Concedida pela Secretaria Municipal de Saúde, a honraria foi conseguida a partir de um projeto desenvolvido no local por alunos dos núcleos de Psicologia Hospitalar e Psicologia da Saúde, ambos do curso de Psicologia da PUC-SP.
O Núcleo de Psicologia Hospitalar foi criado em 1988. Em 2019, iniciou um convênio com o Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria, no qual alunos de Psicologia Hospitalar passaram a atender pacientes internados, assim como seus familiares quando necessário, e a integrar a equipe de saúde do local, que não conta com o serviço de psicologia.
“Com a pandemia em 2020 e a suspensão das aulas e estágios presenciais, ficamos num primeiro momento bastante impactados com a eventual impossibilidade de os alunos realizarem o estágio. No entanto, com a presença do preceptor do curso no local e o interesse e a disponibilidade da equipe do hospital, conseguimos delinear uma forma de atendimento online para funcionários, familiares e pacientes que tiveram alta depois de ter Covid-19. Essa forma de atendimento passou a integrar o programa desenvolvido pelo Hospital de Saúde do Trabalhador”, conta a profa. Maria Cecilia Roth, coordenadora do Núcleo de Psicologia Hospitalar da PUC-SP.
Em 2021, a demanda por atendimentos aumentou. “Contamos também a partir deste ano com um grupo de alunos do quarto ano do curso de Psicologia da Saúde, supervisionados pelo prof. Claudinei Affonso. O grupo passou a atender online funcionários que apresentam questões envolvendo estresse causado pela pandemia”, afirma Maria Cecilia. Entre 2020 e 2021, foram realizados cerca de 200 atendimentos.
UTI
Este ano, o trabalhou começou a incluir também o atendimento online de pacientes de Covid-19 internados na UTI. “Fizemos uma campanha entre os alunos para doação de celulares, para que pudessem ser utilizados pelos pacientes. O preceptor Vinicius Rondi Bornea visitava a UTI, identificava o paciente que precisaria ou gostaria do atendimento e, na mesma hora, ligava para o aluno que iria atendê-lo. Apesar de todas as dificuldades conseguimos atender a essa demanda também”, conta Maria Cecilia.
Reconhecimento
Segundo a coordenadora, o apoio e o reconhecimento da equipe do Hospital ao trabalho desenvolvido tem sido um grande estímulo à formação dos alunos. “Parabéns e muito obrigada pelo apoio e pelo incentivo ao nosso trabalho”, comemora Maria Cecilia.
Depoimento da estudante e estagiária Fernanda Cordeiro Marques*
"A pandemia causada pelo coronavírus provocou, desde o início, múltiplos efeitos, seja pela doença em si, pelas medidas de controle necessárias, como o distanciamento social, pela dor do luto e/ou pela série de desafios impostos para o sistema de saúde do Brasil como um todo. Significou um momento delicado para pacientes, familiares e profissionais atuantes no contexto da saúde e, diante da impossibilidade da realização do estágio presencial, os professores, preceptor e o próprio Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria articularam uma outra forma de atuação no estágio, a saber, o atendimento online de pacientes, familiares e funcionários. Pudemos, num momento tão difícil e trágico para muitos pacientes, famílias e funcionários, colaborar de alguma forma para o enfrentamento da pandemia.
Minha experiência se deu em duas frentes: remota até o início de setembro de 2021 e, com a melhora do cenário da pandemia e após a imunização, presencial. Os atendimentos online, como explicitado, voltaram-se para funcionários, familiares e pacientes. Num primeiro momento, o delineamento de como se daria o atendimento no contexto remoto foi desafiador. No meu caso, atendi principalmente familiares de pacientes internados e, pessoalmente, um dos grandes desafios foi presenciar as angústias e incertezas em relação a evolução dos quadros de Covid-19, que poderiam evoluir para uma melhora, mas também para estados críticos ou desenvolvimento de sequelas. As reações, esperadas para o momento, eram de preocupação, angústia, tristeza e, na medida em que o paciente poderia melhorar e tais sentimentos dariam espaço para reações de alívio e alegria, também poderia piorar. Nesse sentido, os atendimentos presentificavam histórias das estatísticas que acompanhávamos nos veículos de comunicação. Acompanhei pacientes que perderam seus pais, filhos, companheiros e familiares e profissionais sobrecarregados emocionalmente pelo contexto descrito, além de estarem receosos quanto a possível contaminação e transmissão para pessoas de seu convívio. Diante dessa situação, ao entrarmos em contato com o paciente, familiares e/ou funcionários, estávamos disponíveis para oferecer um serviço de acolhimento que não necessariamente tinha um horário definido e delimitado para os atendimentos, ou seja, não havia um tempo mínimo ou máximo de duração, dado o caráter imprevisível e crítico da situação.
Em relação à segunda frente, quando a possibilidade de estágio presencial se concretizou, passei a me deparar com outros desafios no cotidiano do campo hospitalar. Em 2021 o Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria se tornou referência para atendimento de pacientes infectados pela Covid-19 e, diante do significativo número de infectados decorrente da propagação do vírus, se impôs a necessidade de ampliação dos leitos do hospital com a intenção de assegurar atendimento a pacientes com Covid-19 como uma pauta prioritária. Com a melhora do cenário da pandemia, os diferentes setores que haviam se organizado para o cuidado e atenção aos pacientes infectados pela Covid-19, se reorganizaram a partir das demandas de doenças de outras naturezas. Assim, o estágio presencial tem se dado com a presença dos estagiários nos diferentes setores do hospital, como: pediatria, clínica médica feminina e masculina, clínica cirúrgica e UTI geral. Decorrente dessa configuração que, para nós estagiários acho que posso descrever enquanto “nova”, outros desafios se apresentaram. Depois de quase dois anos atendendo apenas de forma remota, estar presencialmente no contexto hospitalar, integrando a equipe, atendendo os pacientes internados e seus familiares quando necessário, tem possibilitado novas reflexões sobre a nossa prática. O contexto hospitalar por si só já se configura enquanto um espaço de vulnerabilidade tanto para o paciente, quanto para os que o acompanham e para a equipe, esse cenário se agravou ainda mais diante da crise sanitária decorrente da pandemia de Covid-19. Desse modo, diante dos diversos desdobramentos desse momento, foi possível elaborar e realizar conjuntamente um trabalho que colaborasse para o enfrentamento da pandemia e para a nossa formação."
*Na foto acima, da esquerda para a direita, o preceptor Vinicius Rondi Bórnea, e algiuns dos estaguários que participam do pojeto: Gustavo Kazuo Yamashiro Nishino, Fernanda Cordeiro Marques, Gabriela Vasconcelos Lama, Vivian Akina Koga, Jade Morelli Fonseca e Pedro Cella Kurobe.