Cedepe promove seminário sobre a população em situação de rua em São Paulo
Atividade acontece no dia 18/11, das 14h às 20h, no auditório 333 do campus Monte Alegre
Muitas vezes, as pessoas ficam constrangidas em dizer que os pontos de dor são tantos que o corpo parece ter sido tomado integralmente por eles. Porém, isso pode ser clinicamente verdadeiro e ter como causa – muito provavelmente – a fibromialgia, síndrome caracterizada por dor crônica e generalizada no corpo, com duração de três meses, pelo menos.
“A síndrome pode surgir sem motivo específico ou como uma reação aguda a algum evento”, explica o reumatologista e docente da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP José Eduardo Martinez. “Há outros sintomas de fibromialgia que são importantes: fadiga, sono não restaurador e distúrbios cognitivos como esquecimento, falta de atenção e dificuldade de concentração”, acrescenta.
Apesar do avanço da medicina, a causa de origem da doença ainda não foi identificada. “Existem hipóteses e sabemos que é mais comum entre familiares. Então, deve haver uma predisposição genética. Contudo, nunca foi encontrado um gene específico ligado a ela”, explica Martinez.
O estresse crônico também está associado, assim como situações graves de trauma físico ou psicológico. “Essas condições liberam hormônios específicos, que geram um desequilíbrio na forma como os indivíduos sentem dor. Eles se tornam mais sensíveis a ela”, observa o docente da PUC-SP.
Entretanto, pode-se afirmar que a fibromialgia não é uma doença autoimune, inflamatória ou psicossomática. Além disso, costuma surgir com maior frequência em mulheres com idade entre 30 e 50 anos. “Ela pode aparecer em qualquer idade. A prevalência varia de 2,5% a 6% da população mundial”, informa Martinez.
O especialista conta que os portadores manifestam incômodos fortes em situações que pessoas sem a doença não sentiriam. Um leve aperto no pulso pode disparar dores, por exemplo.
Por essa razão, o Colégio Americano de Reumatologia criou o conceito denominado “pontos de dor”, ou seja, locais específicos do corpo em que o paciente com fibromialgia sente mais desconforto.
“Inicialmente, a entidade propôs isso para facilitar os estudos científicos. Além de detectar a dor generalizada, iríamos contar esses pontos nos pacientes, na hora de fazer pesquisas”, afirma Martinez. “Posteriormente, o Colégio Americano de Reumatologia modificou alguns critérios. Hoje, não se contam mais os pontos dolorosos. A gente se concentra no que a pessoa sente”, destaca.
O diagnóstico é clínico. Não existem exames para detectar a fibromialgia. “No entanto, há outras enfermidades que provocam dor no corpo. Por isso, acabamos pedindo testes para fazer o que chamamos de diagnóstico diferencial”, reforça o reumatologista.
Por ser uma doença crônica, não se fala em cura para a fibromialgia, mas, sim, em tratamentos farmacológicos e não-farmacológicos para controlar seus sintomas. “Nesse último grupo, incluímos educação em saúde, exercícios físicos de qualquer modalidade com acompanhamento médico e, em curto e médio prazos, acupuntura”, lista.
Quanto aos medicamentos, Martinez explica: “Normalmente, são medicamentos também usados para outras doenças, como antidepressivos e anticonvulsivantes”.
A grande complicação da fibromialgia, por falta de conhecimento e tratamento adequado, é o impacto na qualidade de vida. Não é raro que os portadores sofram de depressão e ansiedade. “Uma das maiores queixas deles é a falta de apoio da família e de reconhecimento que a dor existe. Isso só agrava o problema”, alerta o docente da PUC-SP. Sobre a prevenção, ele afirma: “A única forma que enxergo é manter uma vida saudável. E isso é válido para tantas outras doenças”.