Pós-Graduação da PUC-SP vive melhor momento dos últimos 20 anos

Ações baseadas em planejamento estratégico e compartilhado levaram a aumento das notas dos programas e ampliação no número de bolsas de estudos

por Thaís Polato | 10/04/2023
Acervo ACI

Oito cursos de Pós-Graduação da PUC-SP subiram de nota na última avaliação quadrienal divulgada pela Capes, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação. É o maior número obtido pela Universidade nos últimos 20 anos. Além disso, para o período de fevereiro/2023 até março/2024, a Instituição obteve um aumento real de 95 bolsas de estudos da mesma agência.

A Pós-Graduação da PUC-SP vive um bom momento, com o melhor desempenho desde a avaliação trienal de 2004-2006. “Colhemos o resultado de um trabalho desenvolvido pelas últimas gestões da Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG) e pelos Programas de Pós-Graduação. Foi o que nos trouxe ao ponto a que agora chegamos e o que nos permitiu superar graves dificuldades, como a pandemia da Covid-19 e a política de diminuição do financiamento para a ciência e a pesquisa vivida nos últimos quatro anos no país. É hora de celebrar os resultados e seguir com as mesmas estratégias, em busca da excelência e da ampliação da Pós-Graduação”, afirma o pró-reitor de Pós-Graduação, prof. Marcio Alves da Fonseca.

A Capes avaliou 29 Programas de Pós-Graduação da PUC-SP, no quadriênio 2017-2020. Os que obtiveram aumento de nota integram seis Faculdades, das nove que possuem programas aptos a serem avaliados. São eles: Tecnologias da Inteligência e Design Digital (TIDD); Psicologia Social; História; Relações Internacionais – San Tiago Dantas; Direito; Ciências Contábeis, Controladoria e Finanças; Economia; e Filosofia.

Como destaques interessantes, vale mencionar que o Programa de Filosofia, por exemplo, alcançou a nota 6 pela primeira vez, desde a sua criação. Os Programas de Economia, Direito, História e Psicologia Social voltaram a ter elevação de nota, o que não acontecia desde 2010. De forma geral, a proporção dos Programas que obtiveram notas 5, 6 e 7 também é a maior desde a avaliação 2010-2012.

 

“É preciso contextualizar o novo momento do país. Em 2023 já há uma mudança essencial na maneira pela qual se encara a ciência, a pesquisa, a formação dos pesquisadores, os cursos superiores e, dentro desse conjunto, a Pós-Graduação.”
Prof. Marcio Alves da Fonseca

 

Na foto, parte da equipe da PRPG, com o prof. Marcio (à dir.) acompanhado do prof. Odair Furtado, assistente Especializado da PRPG.
 
 

 

Em entrevista ao J.PUC, o pró-reitor falou sobre o atual momento da Pós-Graduação e apontou perspectivas para o futuro. Confira:

J.PUC – O sr. destaca o planejamento estratégico que vem sendo feito e aplicado pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação como um fator decisivo para os bons resultados atuais. Em linhas gerais, em que ele consiste?

Prof. Marcio – Inicialmente, é importante ressaltar que o projeto da pós-graduação da PUC-SP está inserido no Plano de Desenvolvimento Institucional da Universidade (PDI) e também está em sintonia com o projeto da Reitoria e o planejamento da Pró-Reitoria de Pós-Graduação. Em linhas gerais, o que estabelecemos como parâmetros, já em 2017, a serem desenvolvidos nos anos que se seguiram, foram dois aspectos. O primeiro deles consistiu na consolidação e qualificação dos programas que já possuíam excelência. O outro aspecto foi o desenvolvimento de novos programas em áreas nas quais a Universidade tinha uma tradição menor, com ênfase em dois campos, as “ciências da vida e da saúde” e a área das “tecnologias”. O resultado obtido até este momento deve ser celebrado e também servirá para aprimorarmos as estratégias adotadas até aqui, sempre voltadas para a busca da excelência na formação dos estudantes e na qualificação das pesquisas realizadas por docentes e discentes.

J.PUC – Como o planejamento estratégico da PRPG foi inserido nos programas?

Prof. Marcio – A partir do planejamento da Pró-Reitoria para a qualificação e o desenvolvimento da Pós-Graduação da PUC-SP, que é pioneira no Brasil em diversas áreas, induziu-se que todos os Programas também desenvolvessem ou aprimorassem os seus próprios planejamentos, atrelados a um projeto consistente de autoavaliação, hoje previsto no modelo de avaliação da Capes. Uma boa apropriação deste modelo multidimensional da avaliação, somada ao conhecimento apropriado das características próprias de nossos Programas, permitiu-nos construir, em parceria com os colegiados dos Programas e as Faculdades, um conjunto de parâmetros, indicadores e metas a serem atingidos. Em boa parte das “fichas de avaliação” dos Programas da PUC-SP, disponibilizadas pela Capes na última avaliação quadrienal, as comissões de avaliação sinalizaram claramente que identificam essa sintonia. Para desenvolvermos este planejamento compartilhado, trocamos experiências com outras instituições nacionais e estrangeiras, elaboramos tutoriais, construímos indicadores e um importante banco de dados, além de realizarmos inúmeras reuniões de trabalho com os gestores e os docentes dos Programas.

J.PUC – Quais aspectos são levados em conta na avaliação da Capes com os quais os Programas precisam estar em sintonia?

Prof. Marcio – São quatro dimensões estruturantes: a qualidade da formação dos estudantes e pesquisadores, portanto, dos alunos e dos egressos; a produção intelectual (bibliográfica e técnica) do corpo docente e discente; o impacto social da formação e da pesquisa realizadas nos Programas; e a internacionalização dos Programas, consolidada na forma de redes de pesquisa internacionais, da mobilidade docente e discente, da produção científica em parceria e colaboração internacional. Hoje, encontramo-nos em condição de estabelecer metas e estratégias claras, no âmbito de cada Programa, em relação a todas essas dimensões.

J.PUC – De que maneira os Programas participam desse planejamento?

Prof. Marcio – Como já dissemos, buscamos realizar uma gestão compartilhada, junto aos colegiados dos Programas, às coordenações e às Faculdades, que são as unidades acadêmicas às quais os Programas de Pós-Graduação estão vinculados. O objetivo é que haja uma apropriação dos indicadores de cada uma das dimensões avaliadas e o estabelecimento de metas a serem alcançadas. É um planejamento acerca do “ponto em que queremos e podemos chegar”, no que se refere à qualificação e ao desenvolvimento do Programa, inserido numa determinada área de formação e de pesquisa, no interior do sistema nacional da Pós-Graduação. Para que essa gestão compartilhada seja efetiva e, de fato, dê bons resultados, também é importante contar com o olhar crítico e construtivo interno e externo à Universidade. Com este propósito, constituímos uma comissão de acompanhamento do planejamento da Pós-Graduação, com a participação de pesquisadores docentes internos e externos à PUC-SP. É saudável e necessário que um olhar externo nos forneça considerações, críticas e sugestões sobre nosso planejamento e nossas ações.

J.PUC – Como garantir as especificidades de cada Programa ao estabelecer um planejamento estratégico?

Prof. Marcio – É essencial levar este aspecto em conta e a gestão compartilhada nos permite atuar desta forma. Tudo é estudado, discutido e acordado com os diferentes Programas, pois têm características e possuem exigências próprias, relacionadas às áreas a que pertencem. Tais características e exigências podem ser específicas, ainda que pertencentes ao mesmo sistema da Pós-Graduação e compartilhem determinados parâmetros gerais. Para alguns Programas, por exemplo, enfatiza-se a dimensão da internacionalização, para outros, o impacto regional, para outros, ainda, a produção técnica ou tecnológica. Entretanto, como dissemos, todos os Programas respondem a parâmetros e exigências rigorosas relativas à formação dos estudantes, diretamente relacionada à proposta teórica de seus cursos, assim como à produção intelectual do corpo docente e dos discentes.

J.PUC – Sobre o aumento de bolsas de estudos destinadas pela Capes à PUC-SP, ele é um reflexo direto da melhoria nas notas dos Programas no último quadriênio?

Prof. Marcio – Sem dúvida, mas também é preciso contextualizar o novo momento do país. Em 2023 já há uma mudança essencial na maneira pela qual se encara a ciência, a pesquisa, a formação dos pesquisadores, os cursos superiores e, dentro desse conjunto, a Pós-Graduação. A forma pela qual o atual governo federal trata do financiamento da ciência é um reflexo concreto da importância que se dá à formação e à pesquisa na Pós-Graduação. É o que mostra o recente, e tão necessário, reajuste dos valores das bolsas concedidas aos mestrandos e doutorandos. De forma semelhante, e também fundamental, o aumento do número de bolsas que são atribuídas aos Programas em todo o país. Desse modo, com a mudança da política geral de financiamento da Pós-Graduação, certamente tínhamos a expectativa de um aumento das cotas de bolsas para os Programas da PUC-SP. Este aumento, entretanto, responde a critérios e parâmetros claros, estabelecidos pela Capes, que são aplicados nacionalmente. São considerados fatores como a nota dos Programas na avaliação, o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano do Município), a titulação média do curso, ou seja, o número de egressos dos Programas. Se a expectativa de um aumento do número de bolsas para 2023 se efetivou, foi porque a nossa Pós-Graduação correspondeu às exigências de qualificação e de desenvolvimento dos seus Programas. Por isso, a Universidade foi contemplada com um aumento de 95 novas bolsas, que é um número bastente expressivo.

J.PUC – A política de bolsas e financiamento da Pós-Graduação da PUC-SP também conta com outros aportes?

Prof. Marcio – Certamente. Os Programas têm conseguido ampliar o número de bolsas concedidas por outras agências financiadoras, como o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), mediante a participação nos editais ou “Chamadas” regulares da agência para a submissão dos projetos de pesquisa desenvolvidos. Há também as diversas modalidades de bolsas da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Mas acerca do financiamento da pós-graduação e das bolsas de estudo destinadas aos estudantes, eu gostaria de destacar duas políticas internas, da própria Universidade, que me parecem essenciais. Uma delas concerne às bolsas Fundasp, apoiadas na Lei de Filantropia, destinadas a estudantes com perfil socioeconômico de maior vulnerabilidade. Estas bolsas são concedidas mediante editais regulares e não dependem dos recursos das agências externas de fomento. Trata-se de uma modalidade de bolsa que atende aos critérios de demanda social, prevendo o financiamento de 100% ou 50% das mensalidades dos bolsistas, a depender de seu perfil sócio-econômico. A outra política fundamental, implantada na pós-graduação da PUC-SP desde 2017, é a política de inclusão étnico-racial. Ela determina que 30% do total das bolsas, tanto das oriundas das agências de fomento externas quanto das bolsas Fundasp, sejam destinadas prioritariamente a estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas. Esta é uma política inovadora, que não prevê cotas para o ingresso dos alunos nos processos seletivos da pós-graduação, mas prevê cotas para a atribuição das bolsas de estudo, que é realizada por todos os cursos de Mestrado e Doutorado.

J.PUC – Como a gestão projeta os próximos anos da Pós-Graduação da PUC-SP?

Prof. Marcio – Nós temos um compromisso com o crescimento da Pós-Graduação da Universidade. O primeiro compromisso, já bastante ressaltado, consiste na ampliação da qualidade dos atuais cursos que, em seu conjunto, cobrem uma grande diversidade de áreas e abarcam as duas modalidades de cursos reconhecidas pela Capes, a modalidade “acadêmica” e a modalidade “profissional”. Assim, ampliar e consolidar a qualidade dos cursos existentes é garantir a solidez da pós-graduação da PUC-SP em todas essas áreas e nas duas modalidades. O outro compromisso é com o crescimento da pós-graduação, mantendo-se os mesmos parâmetros que nos trouxeram aos bons resultados que hoje experimentamos. Por isso, submetemos regularmente à Capes propostas de novos cursos. Os cursos aprovados mais recentemente, e que estão em pleno funcionamento, são o “Mestrado em Biomateriais e Medicina Regenerativa” e o “Mestrado Profissional em Governança Global e Formulação de Políticas Internacionais”. Atualmente, outros cinco novos projetos de cursos encontram-se em tramitação na Capes, nas áreas de Artes, Fisioterapia e Direito.

 

Leia depoimentos dos coordenadores de Programas que obtiveram aumento em suas notas na avaliação quadrienal da Capes

 

►Fernando de Almeida Santos (Ciências Contábeis, Controladoria e Finanças)

"Recebemos esta nota com alegria e responsabilidade. Nosso Programa é tradicional e tem um corpo docente com larga experiência, dedicação e notoriedade, no Brasil e exterior. Fizemos um estudo sobre o perfil dos alunos e dos egressos do curso, que são, na maioria, executivos com grande capacidade de produção qualificada. Assim, alteramos a modalidade do Programa para Mestrado Profissional, nos aproximamos dos ex-alunos, elaboramos estratégias conjuntas para aumentar a visibilidade da produção qualificada e desenvolvemos propostas de pesquisas próximas à prática profissional."

 

►Silvio Luis Ferreira da Rocha (Direito)

"Recebemos com satisfação e alegria a melhoria da nota do nosso Programa. O resultado é o fruto de um esforço comum de professores, alunos e dos órgãos administrativos da Universidade. O Programa busca a excelência e todos estão envolvidos no seu contínuo aprimoramento."

 

►Rosa Maria Marques (Economia)

"Foi com muita alegria que recebemos a avaliação da Capes. Esse resultado expressa o reconhecimento da área de que é possível ter um curso com o foco em Economia Política. Um curso que garanta o rigor acadêmico exigido pela academia e que, simultaneamente, se preocupe em colocar a economia a serviço da maioria dos povos, analisando e construindo políticas que promovam o desenvolvimento, a eliminação da pobreza e contribuam para a diminuição da desigualdade."

 

►Antonio Jose Romera Valverde (Filosofia)

"Uma conjunção de fatores positivos influenciou a melhoria da nota. O Programa de Filosofia foi fundado em 1977, nível mestrado. E, em 2001, consolidado e reconhecido academicamente, obteve a aprovação do doutorado. Contou sempre com um quadro de professores de altíssimo nível, que promoveram a sua visibilidade tanto nacional como internacionalmente. Formou estudantes qualificados em ambos os níveis, em parte razoável, com pesquisas originais e aprofundadas. Dispõe de revistas científicas relevantes. Com a elevação, o Pós em Filosofia da PUC-SP atualiza o seu lugar de referência no cenário acadêmico-filosófico."

 

►Luiz Antonio Dias (História)

“Houve grande envolvimento e comprometimento dos professores em todo o processo. Nesse sentido, destaco o aumento da nossa produção bibliográfica. Por parte da coordenação, houve uma preocupação em analisar os resultados da avaliação quadrienal de 2013/2016, assim, procuramos atender as recomendações decorrentes  das avaliações anteriores. O planejamento estratégico foi fundamental para promover ajustes no corpo docente, ampliar as informações sobre egressos, melhorar a coleta de informações acerca das produções e ampliar a produção docente.”

 

►Salvador Sandoval (Psicologia Social)

"A melhor posição na avaliação da Capes se deve ao fato de que os docentes se empenharam para atender às exigências de produção acadêmica e excelência científica esperados de um Programa na área de Psicologia como o nosso, com história pioneira na pós-graduação brasileira e reconhecimento nacional e internacional de sua contribuição no passado e de seu potencial para o futuro. Temos a plena consciência de que o campo de ensino da Pós-Graduação se diferencia de outros campos por ser constantemente avaliado por uma agência externa à Universidade."

 

►Reginaldo Nasser (Relações Internacionais San Tiago Dantas)

“O nosso Programa San Tiago Dantas é sui generis no Brasil, congrega três universidades, sendo duas públicas (Unicamp e Unesp) e uma comunitária (PUC-SP). Nessa nova avaliação, a Capes contemplou, além das exigências que já existiam, um item de valor muito importante, que nós chamamos de “item de destaque”. É uma parte qualitativa, na qual o Programa escolhe suas melhores produções bibliográficas e técnicas e avalia-se seu impacto na sociedade. Tivemos um bom desempenho nesse item também, o que nos permitiu ter melhor avaliação. Estamos muito contentes, precisamos continuar o trabalho, desenvolvendo nossas pesquisas e produções em conjunto com alunos, em eventos e participações nacionais e internacionais.”

 

►Diogo Cortiz (Tecnologias da Inteligência e Design Digital – TIDD)

“O aumento na nota de avaliação demonstra o compromisso do Programa em pesquisas na área de tecnologias emergentes. Hoje o TIDD desponta como um importante polo no entendimento das consequências da Inteligência Artificial na sociedade, por exemplo.”

 

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